Hoje choveu.
Saí para ver a chuva cair, com uma saudade no peito de quem a muito não vê uma velha amiga. Senti no corpo, aquele arrepio bom, de quando a gente vê algo muito bonito, que nos emociona.
Fiquei de pé ali, quase escondida, vendo ela cair na diagonal, com seu barulho e cheiro característicos. Senti o vento frio no rosto, um alívio para dias tão quentes...
Desta vez, apesar de estar em casa, não corri para me molhar em seus pingos gelados. Apenas a observei. Como algo improfanável. Água pura que cai, molhando a sede da plantas, dos animais. É difícil descrever a sensação de ver a chuva cair. Apenas vê-la cair.
Os pingos diminuíram de intensidade, como uma música que vai chegando ao fim, o vento soprou mais leve, mais silencioso. Não sei quanto tempo durou... Me pareceram apenas alguns poucos minutos. Logo as gotas deixaram de cair e eu, como num despertar de hipnose, saí da varanda e cuidei de entrar... Com um sorriso nascendo no rosto.
Queira Deus que esta beleza nunca se apague, e que mais pessoas possam, um dia ao menos, apreciar a queda das lágrimas dos anjos, que mata a sede do solo.